Referências

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“Apenas uma pessoa que nasce no seio do brinquedo popular pode demonstrar sua verdadeira riqueza.”

Joaley de Almeida


– Zé de Vina: Mamulengueiro de Lagoa de Itaenga (PE)
– Maro:  “Mateus” do Mestre Zé de Vina, Glória do Goitá (PE)
– João do Pandeiro: Harmônico do mestre de Zé de Vina (PE)
– Zé Lopes: Mamulegueiro de Glória do Goitá (PE)
– Mestre Bio Alexandre: Cavalo Marinho Estrela de Ouro, Condado (PE)
– Aguinaldo Silva e Fabiano: Cavalo Marinho Estrela de Ouro, Condado (PE)
– Manuelzinho: Piaba de Ouro, Olinda (PE)
– Mestre Caboclo Carlinhos: Piaba de Ouro, Olinda (PE)
– Mário: Piaba de Ouro, Olinda (PE)
– Sérgio da Burra: Brincante, Goiana (PE)
– Luiz Paixão: Cavalo Marinho Boi Brasileiro, Condado (PE)
– Inácio Lucindo: Cavalo Marinho Estrela da Manhã, Ferreiros (PE)
– Lucas Borges: Cavalo Marinho de Bumbo, Glória do Goitá (PE)
– Zé de Bibi: Cavalo Marinho de Bumbo, entre Glória e Lagoa de Itaenga (PE)
– Mariano Teles: Cavalo Marinho de Batista, Chã de Camará (PE)
– Saúba: Bonequeiro, Carpina (PE)
– Carlinhos Babau e Antônio Gomide: Carroça de Mamulengo, Juazeiro (CE)
– Zé Niltom: Artesão e Embaixador de Reisado, Juazeiro (CE)
– Seu Mosquito: Mestre de Reisado, Juazeiro (CE)
– Mestre Cachoeira: Mateus de Reisado, Juazeiro (CE)


Cavalo Marinho

É uma manifestação que acontece, originalmente, no período de Reis, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Em resumo, é uma brincadeira popular tradicional que se caracteriza por uma estrutura rítmica pulsante, realizada pelo banco de músicos contendo: rabeca, pandeiro ou bumbo, baje (espécie de reco-reco) e mineiro (ganzá); evoluções dos galantes (grupo de dançarinos) com passos de trupés e dança dos arcos comandados pelo mestre; atuação de figuras (personagens sociais ou fantásticos caricatos). Num olhar simples de comparação, é uma forma de teatro de rua popular da zona rural, contendo comunicação de improviso com o público disposto em roda, em torno do banco e dos brincantes.


Maracatu Rural

Também conhecido como Maracatu de Baque Solto ou de Orquestra, é originário da região canavieira, da Zona da Mata de Pernambuco. Tem possível origem nos grupos chamados "cambindas" e carrega uma forte ligação com a cultura cabocla (mistura do índio, do negro e do branco). O cortejo desfila num círculo compacto, tendo ao centro o estandarte, rodeado por baianas, damas-de-buquê com ramos de flores de goma e boneca (calunga) e caboclos de pena (Areiáma ou Tuxáu). Rodeando este primeiro círculo, vêm os caboclos de lança, empunhando lanças compridas e abrindo espaço na multidão com manobras em torno do grupo central. Os passos da dança cadenciam o som da maquinada (sinos dos surrões) levada nas costas.


Inicialmente, os homens travestiam-se de baianas para substituir as mulheres, que, na origem, não participavam da brincadeira. É "uma fusão de elementos de vários folguedos populares existentes no interior de Pernambuco: pastoril, baianas, cavalo-marinho, caboclinho, folia de reis, etc." Diferente do Maracatu Nação, a origem do Maracatu Rural não conta com cortejo real. Em plena região canavieira, os cortadores de cana trocam as enxadas, as roupas de trabalho e os chapéus de palha do dia a dia pelas fitas coloridas das lanças dos caboclos, personagens mais conhecidos do folguedo. Sua indumentária, que chega a pesar 25 quilos, confere-lhes um aspecto de grande imponência. O ritmo rápido (marchas e sambas) do Maracatu Rural é promovido pelo terno composto por mineiro (ganzás), bumbo, taról, porca (cuíca grave) e gonguê. Seguindo o comando de um apito, o terno realiza pausas para que o mestre possa improvisar versos em toadas.


Boi de Cortejo

Aqui falamos dos Bois encontrados na região litorânea de Pernambuco. Existem muitas variantes dessa manifestação, que aparenta ser o brinquedo com menos formalidades na sua construção e que, muitas vezes, surgem da espontaneidade da comunidade em organizar uma brincadeira de carnaval. Numa explicação simplificada, é uma brincadeira composta de dois cordões de brincantes, que evoluem em torno da figura do boi. Pode ter a presença de outras figuras como Mateus, Catirina, Burrinha Calú ou mesmo um Vaqueiro. Cada Boi carrega sua característica própria, dependendo da formação que o mestre ou o organizador teve como brincante.



Podemos encontrar bois que são embalados por um terno de maracatu rural, juntamente com um mestre improvisador, como também pelos mesmos componentes de um banco de cavalo marinho, como também pelos ritmos do coco, ciranda ou baião. Todos se utilizam da dança, cantos e toadas, se destacando também pelo figurino e confecção do Boi.


Reisado

Como indica o próprio nome, é uma manifestação de Dia de Reis, encontrada na região do cariri cearense. Tem ligações com a cultura ibérica e os congos africanos. Dois cordões de guerreiros com espada em punho dançam, evoluem em torno de personagens centrais e respondem em coro aos cantos entoados pelo mestre. Os personagens centrais representam um reino com Rei, Rainha, Princesa, Secretário e Embaixador. O conjunto de todos os participantes é chamado de “figural”.


Existe nesse brinquedo o personagem do Mateus, tocando um pandeiro e muitas vezes carregando uma arma de falsa na cintura e um rosário profano atravessado no tronco, contendo artigos religiosos e pedaços de brinquedos. Mateus é o único personagem que se mantém livre, sem lugar fixo, fazendo “misuras” (palhaçadas) para o público. Nos intervalos das evoluções dos cordões, entram “entremeios”, que são figuras caricatas, animais, diabos, sereias, entre outros, realizando alguma cena.

As músicas são executadas muitas vezes por violões, caixa, zabumba e até por banda Cabaçal. Essa brincadeira desdobra diversos momentos: o “Quilombo”, como cortejo feito na rua; a disputa das rainhas, que se dá quando dois grupos se encontram e cada reisado prepara sua rainha em um trono para que os reis se desafiem nas espadas, defendendo sua rainha e almejando tomar a do outro; a última parte da apresentação do Reisado, onde o figural central desocupa o centro e os dois cordões se desafiam com a dança e jogo de espadas, numa mescla de teatralidade e luta.

No Reisado, os metais das espadas em desafio também tomam aspectos percussivos, acompanhando o ritmo frenético do baião da banda Cabaçal. Há quem diga que essa parte final de desafio entre os cordões representa a guerra entre mouros e cristãos, ocorrida na região ibérica.


Caboclinho

O Caboclinho é um bailado de origem indígena, como o próprio nome indica. A palavra Caboclo é usada para designar os filhos da mistura entre índios e brancos. Como folguedo, representa, com músicas e danças características, um drama que simboliza batalhas, caçadas e colheitas. A música, leve e ligeira, é executada por flautas de quatro furos chamadas gaitas, surdos e caracaxás. Marcando o ritmo, os dançarinos utilizam os estalidos secos das “preacas”, conjunto de arco e flechas fixos um no outro.


A dança dos caboclinhos pode ser individual, marcada pela destreza e desenvoltura do participante, ou coletiva, fruto de uma coreografia ensaiada previamente. As coreografias são ricas e, entre as mais conhecidas, podemos citar o ataque de guerra, a aldeia, o cipó e a emboscada. As danças mais utilizadas são a guerra e o baião (ou baiano), entre outras, sendo conhecidas genericamente por toré. Com exceção dos músicos, todos os demais se evolvem num bailado rápido, que exige desenvoltura e, principalmente, excelente forma física, pois se abaixam e levantam agilmente, ao mesmo tempo em que rodopiam, apoiando-se na ponta dos pés e calcanhares.

Como todo folguedo, os caboclinhos possuem seus personagens, com funções especificas dentro do bailado: o Cacique (ou Caboclo Velho), a Índia chefe (ou Mãe-da-Tribo), o Pajé, o Matruá, o Capitão, o Tenente, os Perós (meninos e meninas), o Porta- Estandarte, os Caboclos de Baque (Músicos) e os caboclos e caboclas. As indumentárias utilizadas pelos Caboclinhos, ricamente enfeitadas com penas, é composta por saiotes, cocares (enfeites de cabeça) e atacas nos punhos e tornozelos, todos de pena de ema, avestruz ou pavão, além de cocares com dentes de animais e pequenas cabaças presas à cintura.
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